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Absolutismo político e liberalismo econômico: o reformismo ilustrado de José da Silva Lisboa (1800-1821)

Por Christian Lynch

RESUMO: Em países como França e Inglaterra, mas também Portugal e Espanha, o processo de construção do Estado, em suas respectivas épocas, foi marcado pela coincidência entre absolutismo político e mercantilismo econômico. Essa possibilidade era complexa no contexto da América Ibérica da primeira metade do século XIX, que passou a sofrer cada vez mais a influência da hegemonia ideológica do liberalismo vigente no Atlântico Norte desde, pelo menos, a ocupação napoleônica da Península Ibérica. As possibilidades e os limites do conservadorismo do período podem ser observados no caso do Brasil joanino, em que a construção do Estado luso-brasileiro, iniciada por dom João VI, sofreu os constrangimentos decorrentes da aliança com a Grã-Bretanha contra Napoleão, que impunha,
entre outras cláusulas, a de nação mais favorecida do ponto de vista alfandegário. A exigência de fazer o absolutismo ilustrado, no âmbito político, conviver com a defesa do liberalismo econômico encontrou na obra de José da Silva Lisboa, futuro visconde de Cairu, sua expressão paradigmática. O modo como ele buscou conciliar fórmulas aparentemente contraditórias é exemplar dos dilemas ou das ambiguidades do reformismo ilustrado no contexto periférico do subcontinente.

Palavras-chave: reformismo ilustrado; reinado de Dom João VI; José da Silva Lisboa; Visconde de Cairu.